Ampliação das importações de gás natural argentino vai baratear preço do insumo para entre US$ 7 e US$ 8, cerca de metade do que custa hoje
A terceira opção seria conectar diretamente a rede de gasodutos argentina ao município de Uruguaiana (RS). Mas isso depende da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até a cidade gaúcha.
Como O GLOBO mostrou em abril, seria também necessário, nessa rota, concluir a ligação do gasoduto entre Uruguaiana e Porto Alegre, obra inclusive prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E ainda seria preciso adaptar o Gasbol para que se tornasse uma “via de mão dupla”.
A quarta rota em estudo seria uma conexão via Uruguai. E, por último, há também a possibilidade de converter o insumo em gás natural liquefeito (GNL), para exportação via navios — mas isso resultaria em um custo maior para o produto.
A expectativa do governo é que o gás do megacampo de Vaca Muerta, que custa US$ 2 por milhão de BTUs (unidade de referência nesse mercado) na Argentina, chegue ao Brasil por entre US$ 7 e US$ 8. Atualmente, o preço praticado no mercado brasileiro é em média de US$ 13,82 por milhão de BTUs, de acordo com o setor industrial.
As obras de reversão do fluxo no gasoduto que liga Vaca Muerta, que fica no Sul da Argentina, até o Norte do país, ou seja, até o gasoduto Brasil-Bolívia, devem ser concluídas em março de 2025. Essa previsão foi feita pelo secretário de Energia da Argentina, Eduardo Javier Rodríguez Chirillo, em setembro, quando veio ao Rio para a feira do setor de petróleo ROG.
Ele destacou que a Argentina passa por um processo de transição regulatória e precisa considerar aspectos como preços e demanda interna antes de definir quanto será enviado para o Brasil.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões de metros cúbicos (m3) de gás natural por dia em 2023. Entretanto, cerca de metade desse volume, o equivalente a 70 milhões de m3, foi reinjetado, ou seja, voltou para os poços. Outros 20 milhões de m3 não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões de m3.
Silveira também falou ontem sobre o impacto da reeleição de Donald Trump em futuras negociações relacionadas à transição energética, que para ele representariam “uma necessidade climática e uma oportunidade econômica”. De acordo com o ministro, o republicano será “uma voz forte, mas isolada”, na medida que o cenário global discute soluções ligadas à economia verde:
— Aqueles que não apostarem nessa economia vão perder de uma forma ou de outra — afirmou.
Perguntado sobre a atuação de outros líderes mundiais na questão climática, Silveira destacou a posição adotada pela primeira-ministra italiana, Georgia Meloni. Ela já anunciou a intenção de investir na geração de energia nuclear, considerada limpa por não emitir gases do efeito estufa.
Diante disso, Silveira disse que tem discutido a possibilidade do Brasil se tornar um fornecedor de urânio.
— Nós temos uma outra Petrobras enterrada. Com somente 27% do solo brasileiro conhecido, nós já somos a sétima maior reserva do mundo de urânio. Se nós tivemos mais pesquisas geológicas, eu tenho absoluta certeza que o Brasil ficará entre as três maiores reservas.